Dedicação e Brutalidade compartilhada: Entrevista com o Brou

Dedicação e Brutalidade compartilhada: Entrevista com o Brou

Dedicação e Brutalidade compartilhada: Entrevista com o Brou

O ciclismo de Mountain Bike é realizado em montanhas e em terrenos repletos de obstáculos e irregularidades. Por conta dessas características, o esporte é muito chamativo para os atletas, profissionais ou amadores, que gostam de atividades radicais e contato direto com a natureza.

Mas, para triunfar na modalidade, os ciclistas precisam ter muita resistência e concentração, além de vencer limitações que o próprio esporte impõe a quem o pratica. Por isso, antes de começar a pedalar por terrenos irregulares, é essencial conhecer os desafios para os quais você deve se preparar.

Pensando nisso, convidamos o atleta e educador físico Thiago Drews, ou Brou Bruto Drews, como é conhecido nas redes sociais, para dar a real não só sobre o ciclismo de Mountain Bike, mas, também, sobre a vida de esportista. O brutologista, como ele mesmo se denomina, busca motivar outros atletas por meio de ações e eventos repletos de desafios.

Confira, abaixo, os conselhos e os ideais de Brou, que defende a “brutologia compartilhada” como forma de alcançar bons resultados no mountain bike.

Onde começa sua história com o ciclismo de Mountain Bike?

Estou no esporte, como competidor, há 12 anos. Quando comecei, em 2008, eu participava, chegava no final das provas, ganhava a medalha de participação e sempre ficava sonhando com o pódio.

Muitas vezes voltei para casa frustrado por não ficar entre os três primeiros, mas via nisso um motivo para treinar mais e acreditar nas possibilidades. Passei a pensar: se houver 1% de chance, vou me apegar a ela até o último segundo.

De tanto sonhar, treinar, abdicar e fazer tudo da forma que eu julgava certa, em 2011, depois de três anos de competição, subi no pódio pela primeira vez – e em primeiro lugar. Não desistir dos sonhos é o primeiro passo para conseguir chegar onde se quer.

Mountain Bike é hobby ou carreira profissional?

O ciclismo pode ser tanto um hobby quanto uma carreira profissional, mas, para pular de um status para o outro, é indispensável sentar na bicicleta por horas e treinar, com muita dedicação, para a conquista do resultado.

Não existe talento sem treinamento, dedicação e vontade indomável. Acredito, sim, que existam pessoas predispostas geneticamente a determinado esporte, mas ganhar uma competição é o lado mais fácil da “magia”; o difícil mesmo é treinar.

O atleta profissional tem uma vida muito dura, não é fácil… mas, se fosse, todos fariam, certo? Para quem tem foco e dedicação, a chance de transformar o hobby em carreira profissional é real. E o melhor é que não há limitação de idade: eu, mesmo, tenho 42 anos, e pedalo até hoje com alta performance.

Qual é o segredo para conseguir o melhor rendimento no ciclismo?

Como um “brutologista”, ou “ciência da brutalidade compartilhada”, como eu gosto de dizer, o segredo é fazer tudo com muito amor, vontade e humildade, sempre respeitando as adversidades e os adversários.

Seguindo esses princípios, acredito que as coisas boas vão acontecendo, os resultados chegam e o rendimento melhora gradativamente.

Quais são as dificuldades e desafios de um atleta de Mountain Bike?

O atleta de Mountain Bike precisa encarar a abdicação e ter muita dedicação. Às vezes, é preciso treinar em uma manhã fria, em um dia muito quente ou uma madrugada chuvosa. O atleta também encontra a dificuldade diária de enfrentar suas limitações. É preciso sair, todos os dias, disposto a enfrentar seu limite, que pode ser algo físico ou uma barreira psicológica que te inibe de ir além.

Outro desafio é a falta de patrocínio e apoio, além de divulgação na mídia. Hoje, o esporte não tem representatividade, o que pode gerar conflito até no meio familiar – onde o suporte é indispensável, pois a família é o alicerce. Também é preciso se afastar das pessoas pessimistas, andando com aquelas que tenham as mesmas ambições, sonhos e vontades.

Tive conquistas, tive desafios e acredito que ainda não alcancei o meu melhor. Estou em busca disso todos os dias; sempre que meu despertador toca, saio para treinar, independente das adversidades.

O que as pessoas não veem sobre a vida de atleta de Mountain Bike?

Muitas vezes as pessoas veem somente a parte glamourosa. A vida de atleta nem sempre é aquilo que se vê em cima do pódio, com o troféu levantado.

Na verdade, é treinar exaustivamente de segunda a segunda, manter a alimentação quase perfeita, hidratar-se muito bem e descansar adequadamente, dando o devido tempo ao sono. Também é se levantar todos os dias, sair mesmo com as pernas pesadas e encarar as adversidades.

A vitória exige muito empenho e abdicação. Diversas vezes é preciso deixar a família e o trabalho para trás, e, ao mesmo tempo, tentar motivar outras pessoas que a gente nem conhece, pelas redes sociais. Cada vez que eu recebo um feedback sobre alguém que evoluiu, ganho forças para manter a rotina.

Você pode resumir, em uma frase, qual é o espírito da brutalidade compartilhada?

Ter fé, acreditar no impossível e inspirar as pessoas para uma vida melhor – é esse o espírito da brutalidade compartilhada!

Publicado originalmente em https://apreciare.com.br/entrevista-com-brou-bruto-drews/